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sábado, 12 de dezembro de 2009

Eles não tinha avião


Quando minha mãe estava para entrar em trabalho de parto, o imperador romano César Augusto promulgou um decreto que obrigava todas as famílias a realizarem um recenseamento em suas respectivas terras natal. No caso, ela teria que ir juntamente com José, até então, seu noivo, para Belém. Viajar de Nazaré a Belém, sem avião, significava percorrer 120 quilômetros pelo caminho direto ou escolher a rota mais longa pelo vale do Jordão, de 160 quilômetros. De qualquer modo, uma viagem certamente penosa. Eles devem ter levado ao menos cinco dias para chegar. Mas isso não era nada para minha mãe que enfrentou tudo e todos para me assumir, com apenas 15 anos de idade. Ela sabia por que eu viria.
Quando chegaram a Belém a única preocupação era achar um quarto. Mas, "não havia lugar para eles na hospedaria"! As estalagens estavam superlotadas e era inútil esperar que algum dos proeminentes da cidade viesse lhes oferecer abrigo. Não é difícil imaginar a angústia de mamãe, sabendo que estava para dar à luz a qualquer momento e não tinha um espaço para ficar.
O único jeito foi encontrar abrigo em um estábulo de gado. Foi ali que nasci, num tabuleiro no qual se depositava comida para os animais, chamado Manjedoura. Fui envolto em faixas para que ficasse aquecido e meus movimentos fossem reduzidos.
Assim que eu nasci uma estrela no céu brilhou forte e alguns sábios, que já esperavam por mim sabiam que era a estrela que teriam que seguir. Eles não tinham GPS. Como o caminho certamente era longo e difícil, eles somente chegaram a Israel algum tempo depois do meu nascimento. Por isso eles não encontraram a gente na manjedoura, mas numa casa: "E, vendo eles a estrela, alegraram-se com grande e intenso júbilo. Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra"(Mat 2:10). Vocês não imaginam como eles chegaram ansiosos dessa viagem. Queriam me conhecer logo. Eles sabiam por que eu viria.
Realmente o meu nascimento foi um fato historio muito importante, por isso é comemorado até hoje. Alguns festejam no dia 25 de dezembro outros em outubro. Isso não importa o que importa é que eu vim para trazer vida e vida em abundância. Vim para dar liberdade aos oprimidos. Vim para trazer salvação a todo aquele que crê. Vim para dar amor e consolar aos que choram. Vim para te fazer vitorioso. Como? Amando-te. Onde? Em toda parte. Inclusive dentro do avião onde você fica tão ocupado e nem percebe que posso ser um dos seus clientes. Aquele que espera ver um sorriso seu, um gesto de carinho e atenção. Ah! Mas você anda aborrecido, sem auto-estima, sem entusiasmo? Taí o NATAL. Uma ótima data para você rever seus conceitos.
Natal significa NASCIMENTO, mesmo para os que já estão grandinhos. É hora de nascer de novo, de deixar as coisas velhas para trás e de fazer tudo novo. É hora de renascer para novos horizontes, novos ideais. É hora de reconstruir relacionamentos dilacerados. É hora de amar de novo. É hora de perdoar. É hora de por alegria em cada gesto. É hora de sorrir. É hora de admirar as pequenas coisas. Troquem presentes sim, gratos porque um dia eu vim.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Itacaré





































Território baiano, povo descolado, povo que vive o hoje. Acordam cedo. Terra onde o côco encontra com o mar, onde até os cachorros nadam. O peixe é fresco. Terra que dispenso comentário, mostro as fotos. Mas um detalhe quero me ater. É impressionante a familiaridade do povo itacareense com o rio. Usam rabetas (canoa formada por um tronco de árvore. Até que o gui me falou o nome da árvore, mas quem disse que eu lembro). Crianças saem pra brincar do outro lado do rio; entram na rabeta, levam o cachorro. Os vizinhos chegam de rabeta pra jogar futebol no campinho; as mulheres vão ao culto, entram na água pra pegar a rabetinha, molham o vestido, nem ligam. É tão normal andar de rabeta como seria andar de bicicleta ou de coletivo pra gente. Itacaré é apaixonante para quem gosta de andar, nadar e se divertir com o povo de lá. Ochiiii.
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terça-feira, 17 de novembro de 2009

E o vôo sai...


O suco perguntou para a água, que perguntou para as necessaires, que perguntaram para as toalinhas quentes, que perguntaram para os pães, que perguntaram para as balas, que perguntaram para as cestas de pães, que perguntaram para o bule, que perguntou para a gaveta, que perguntou para o kit bebê, que perguntou para os CHDs, que perguntaram para as refeições especiais, que perguntaram para os trolleys, que perguntaram para a caixa de chá, que perguntou para o lixo, que perguntou para os baldes de gelo, que perguntaram para as refeições do jantar, que perguntaram para as bebidas, que perguntaram para as bandejas, que perguntaram para os amendoins, que perguntaram para as necessaires da volta, que perguntaram para as refeições do café da manhã, que perguntaram para o trolley extra, que perguntou para a auxiliar sete, onde nós vamos? Aí, a auxiliar sete olhou para o auxiliar seis, que olhou para a auxiliar cinco, que olhou para a quatro,que olhou para a CF, que olhou para a comissaria, que passou um QAP pelo rádio e em seguida respondeu que tudo aquilo teria que embarcar.
Então a auxiliar sete deu um jeitinho para o suco, que levou junto a água. O auxiliar seis guardou as toalinhas quentes que se compadeceram do kit bebê e o espremeram juntinho. Em quatro minutos tudo estava ajeitadinho e quando a galley estava OK, os comissários olharam para a cabine e lá vinham seus amigos passageiros, que perguntaram a seus assentos, que perguntaram para as bagagens de mão, que perguntaram para os bins, que perguntaram para a duplicidade de assento, que perguntou para o cartão de embarque, que queria UP Grade, que perguntou para a CI, que perguntou para o despachante, que queria fechar a porta a todo custo. Novamente em quatro minutinhos tudo estava ajeitado e o avião decolou. É sempre assim, com o jeitinho que se dá, o vôo sai.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Dia das crianças


- BIQUIQUETA!!!!

- É bicicleta.

- BIQUIQUETA AULLL .

- Azul , isso mesmo.

Esta foi a reação do Vinícius quando viu sua bicicletinha. O olho arregalou e imediatamente tomou posse daquilo que era seu. Aliás, não soltou mais dela o resto do dia e para dormir teve que encostá-la no colchão. Isso me fez lembrar quando ganhei meu primeiro patins. Fui dormir com ele e minha mãe teve que tirá-lo de mim só depois que peguei no sono. Era um patins inteiro de plástico (correias, base e rodinhas). Cheguei a gastar as rodinhas de tanto que andei. Corria tanto naquela rua Antenor Ferri, que ninguém me segurava. Vários tombos eu levei. Meu joelho vivia em flor. Mas era uma delícia. Meu único sonho era poder ganhar um patins de ferro no próximo ano. (Correias de couro, a base de ferro e rodas de borracha). É porque lá em casa presentes só chegavam uma vez ao ano.

Lá em casa tínhamos limites, tínhamos hora pra comer, hora pra brincar e hora pra dormir. Conhecíamos bem a palavra dificuldade e por isso tínhamos alegria em esperar. Não ter muitos brinquedos nos desenvolveu a criatividade porque transformávamos qualquer coisa em brinquedo. Caroço de manga, por exemplo, depois de muito chupá-lo colocávamos pra secar. Ficavam lindas bonequinhas que dava até pra pentear o cabelo e fazer pintura. Sabugo de milho, dava lindos carrinhos. Bolinhas feita de barro eram ótimas pra acertar nossos alvos. Fora os pés de lata, pernas de pau e carrinhos de rolemã que queimavam o asfalto. Subir em árvores era minha especialidade, principalmente se tivesse algum fruto lá. Eu acho que o nada me ensinou a ter tudo.

E hoje, o que fazem e o que têm nossas crianças??? Têm tudo e não se contentam com nada.


quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Loucuras para chegar em tempo


Aposto que todo mundo já fez alguma loucura para conseguir chegar em tempo de não levar um N/C. Recebi algumas histórias que valem a pena ser relatadas. Aqui vai a da comissária Carla Lessa, que não trabalha mais conosco, mas deixou sua história registrada. Se você tiver alguma loucura dessas mande pra gente.
Sexta-feira, último dia de aula antes do recesso escolar...
Toca o telefone:
- “Comissária Carla Lessa, por favor,”.
- “Pois não, sou eu”.
- “Carla você foi acionada para fazer um cabide JOI, apresentação 20h05 em CGH e amanhã cedo você volta”.
“Beleza... hoje é quinta, não tem muito trânsito, pego o ônibus das 18h30 em GRU e chego lá 19h30”, pensou. (Isso porque Carla fazia o trajeto contrário do ônibus GRU/CGH, por morar próximo a Guarulhos).
Assim que chegou ao aeroporto de GRU, estacionou o carro, foi até o D.O para pegar uma escala e foi para o ponto de ônibus esperar o das 18h30.
O horário avançou para 18h40 e nada do ônibus aparecer.
- "Moço... o ônibus está atrasado?”, perguntou para alguém.
- “Ah! hoje é sexta-feira véspera de férias, não tem nem hora para chegar".
- “Legal!!! A escala de vôo considerando que eu já estou lá em CGH e eu estou aqui em GRU ainda... ai me Deus! Se eu não chegar a tempo vão descobrir que eu me apresentei no aeroporto errado, vão considerar que agi de má fé. Vou levar uma advertência, seremos todos proibidos de nos apresentarmos em outro aeroporto, vou ter que me explicar p/ Sônia (Gerente de tripulação de cabine da época) e ela não vai nem querer me ouvir... como explicar que eu errei o dia da semana? IMPOSSÌVEL!!!”, Lamentou Carla.
Enquanto ela pensava numa solução, chegou uma amiga e desesperadamente ela perguntou:
_ “Oi Fiona! Vai para onde?
- “To fazendo curso de piloto, em CGH. Tenho aula agora, mas vou me atrasar por causa desse ônibus".
PLIM!!! Uma luz brilhou para Carla!!!!!
- “Vamos comigo. Meu carro está no estacionamento, fico em CGH, você volta com ele, deixa a chave na loja da TAM com as meninas e eu pego com elas amanhã", sugeriu.
- "Vamos pela Radial e pela Salim que é melhor, tem menos carro", disse a amiga de Carla, que conhecia melhor São Paulo.
Lá foram elas... Trânsito andando, as duas batendo papo, lembrando que há poucos dias tinha passado no Fantástico a história de uma comissária que veio de Santos na garupa de uma moto por causa do trânsito do ano-novo, e a amiga ia ao mesmo tempo explicando o caminho alternativo para Carla.
- “Pronto, chegamos na 23 de maio, vai dar tempo.... não! Não vai.... a 23 está parada, já são 19h:30, não vou chegar”, pensava Carla..
Quando já era quase 20h00 estavam ainda em frente ao Hospital da Face. Só por um milagre elas chegariam, mas não dava mais tempo de esperar um milagre.
-"Fiona, vou parar uma moto e vou pedir para ele me levar", disse.
-"Você está louca, não dá. É perigoso", retrucou Fiona.
_ “Não tem outro jeito".
Carla entrou com o carro no meio das pistas e bloqueou a passagem das motos. Ouviu alguns palavrões, mas colocou a cabeça para fora e começou a pedir para alguém levá-la.
O primeiro que parou Carla nem o deixou pensar.
- “Moço me leva até o aeroporto", implorou.
Ele nem respondeu ela já subiu na moto com o porta-casaco e a bolsa. Gritou para a amiga deixar a mala com o pessoal do check-in que eles a entregariam. Carla colocou a mochila do motoqueiro nas costas, sentou-se entre ele e a caixa de entrega e foi ouvindo o barulho de torcida de quem estava nos carros e acompanhava a cena.
- “Aeeee conseguiu..." ou " vai rasgar a saia...", gritavam. (Naquele tempo só se usava saia).
-"Moça! Você é louca, nem me conhece... e seu não te levasse até lá?", perguntou o motoqueiro.
Enfim, 20h00 ela conseguiu chegar.
“Olhei no relógio e vi a temperatura: 15 graus... imagine! não estava nem sentindo.... Prendi o cabelo na redinha e entrei correndo pelo portão de pax... naquela época podia. Cheguei esbaforindo no DO, apresentei-me para a tripulação, com as bochechas queimavam. Contei só para as auxiliares o que tinha acontecido. Além de tudo, descobri que levaríamos uma checadora de extra conosco, portanto tive que engolir toda a adrenalina de uma vez, fazer cara de aeromoça e esperar o avião... que estava atrasado. Passados uns minutos, minha mala foi entregue pelos despachantes. Fui voar como se nada tivesse acontecido”, relembrou.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A visão do assento 7B


Texto que meu amigo Fernando fez pra mim.

Confesso que até a bem pouco tempo nunca dei bola às aeromoças - acho que sou uma exceção entre os fetichistas - elas pareciam uma parte menor naquele mundo dos aeroportos, viagens aéreas, gente falando um monte de idiomas e viajando pra lugares que nunca sonhei existirem.

Aeromoças, comissários e pilotos ocupavam um espaço restrito e bem catalogado em meus arquivos: no arquivo “a”, aeromoças se resumiam a uma admirável estampa pré-fabricada, com os cabelos irritantemente bem arrumados, uniformes impecáveis e adereços igualmente arrumados e padronizados. Isso para não citar a maquiagem, engomadíssima. Parecia uma mulher feita em massa – muito bem feitas, mas idênticas entre si. Tão produzidas e de bom gosto que pareciam anular as qualidades fundamentais das mulheres: as diferenças individuais.

E iguais não só no visual, também no comportamento. Sejam as que atendem as viagens nacionais ou as internacionais (tudo bem, neste tema não sou lá um especialista, mas tenho lá algumas milhas), sempre vi meninas sorridentes e com aqueles irritantes cabelos padronizados ocupando o espaço certo dentro do corte perfeito e do uniforme milimetricamente cortado. Sempre tive a impressão que primeiro faziam o uniforme depois achavam uma mulher (e um sorriso) que entrasse perfeitamente nele.

Com os comissários, a situação seria bem semelhante, com a diferença que sua alma deveria ser a mesma de uma aeromoça: feminina, alegre e sorridente. E até seria fácil de se adequarem, já que seriam aeromoças teoricamente mais sorridentes, já que por serem catalogado como do gênero masculino, os comissários não têm TPM.

Quanto ao resto do pessoal de bordo, aqueles outros sujeitos que entram na cabine, não sei. Mas para ser comandante, o sujeito deveria ter um bom sotaque carioca – sempre – e falar um monte de coisas técnicas com ar blasée pelo sistema de auto-falantes do avião. Nunca soube exatamente o que falavam, mas a tradução para o seu carioquês nativo seria algo do tipo: “Aí, meux irrrmãos, tamox voando a uma caralhada de péx de altura a uma velocidade absurrrda. A temperatura lá fora é muuuiito frria e eu tou aqui pilotando com os doix péx no manche só pra sacanearrr”.

Tudo bem, o comandante deveria ter lá seus momentos de stress, mas nunca vi um que tivesse qualquer sinal de cansaço depois de muitas horas pilotando. Ali, na saída do vôo, sempre estava lá em pé com o maior dos piques se despedindo dos passageiros. Talvez por ser um dos poucos trabalhadores a bordo que não tiveram de fazer aquelas mímicas terríveis para explicar onde estão as saídas de emergência e como é que iriam cair as tais das máscaras de oxigênio que deveríamos colocar no rosto com elásticos (elásticos, aliás, que as aeromoças nunca colocam nas cabeças para não estragarem os minuciosos penteados padronizados).

Bom, tudo isso é como eu via o mundo dos que trabalham dentro do avião. E olha que eu comecei a viajar naquele tempo em que a gente ia apertadinha dentro de um Electra e que as comissárias (acho que só existiam comissárias do sexo feminino naquele tempo) se ocupavam de encher a barriga dos passageiros com mil pratinhos, lanchinhos e sobremesas. Isso mudou, assim como minha visão das comissárias. Acho que o que as humanizou foi uma que um dia deixou cair um pouco de refrigerante em minha camisa. Acho que foi a primeira vez que falei com uma sem que ela sorrisse com aquela cara de Barbie. Pegou paninhos, papéis e mais paninhos até que eu estivesse quase completamente seco. Ela pode ter visto aquilo como um terrível acidente aéreo, mas eu vi como a quebra de um paradigma. Soube que ali havia alguém que se preocupava com outra pessoa e não só uma boneca linda e sorridente a repetir protocolos e procedimentos padrão. Eu juro que até vi alguns fios de cabelo escaparem do indefectível penteado.

Bom, isso foi até conhecer a Lu Tonon. Essa, apesar de já a ter visto “montada” de comissária (e nunca do banco de passageiros, o que é uma pena), acho impossível de ver como alguém presa a procedimentos programados. Cortesia em seu caso é parte do temperamento. Ela não precisa ler nenhum manual para ser simpática e inteligente. Mesmo fazendo a coreografia das saídas de emergência. E olha que a dancinha é bem ridícula.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Ah! Se meu quarto falasse...



Não adianta negar. Todo mundo carrega consigo alguma mania revelada tão somente quando se fecha a porta do quarto no hotel de destino. Eu queria ser uma mosca pra ver a mania de cada um. Mas, tenho que me contentar com “a fofoca” nossa de cada dia. Vou tentar relatar aqui algumas coisinhas que ouvi dizer, mas, pra não citar nomes vou fazer com que tudo o que escrevo, acontece ou aconteceu comigo:
“Eu” chego ao quarto e a primeira coisa que faço é jogar o sapato longe; ao mesmo tempo em que vou abrindo a camisa, primeira sensação de conforto. O banheiro me espera e mal tiro a meia, ou a calça para os homens, eu corro aliviar minha tensão na “patente” (nome que se dá, na minha terra, ao vaso sanitário), onde sentada mesmo já vou tirando o laço do cabelo, enquanto sinto a segunda sensação de conforto (Número 1 ou 2). Lá mesmo no banheiro invento de tomar banho na banheira e então começo a inspeção: olho cada milímetro daquela bacia de fibra, que teoricamente teria que ser branca. Então tento; veja bem: tento abrir o chuveiro. Isso porque algumas torneiras são uma incógnita. Em NY, por exemplo, na primeira vez que fui, “eu” não conseguia descobrir como abria aquele raio de torneira. Dei umas pancadas, virei o troço pra todo lado, olhei por baixo, olhei por cima e pra não passar vergonha de ligar pra alguém, resolvi tomar banho de bica. LINDA!
Sempre, quando lembro, tomo banho de chinelo e depois tenho mania de embrulhá-lo no tapete pra secá-lo. Ao sair do banheiro vou catando as peças de roupas deixadas pelo chão, porque minha pressa de sentar na “patente” não me deixou pegar antes. Tem uns que não catam nada não, do jeito que tiram fica. É cueca pra um lado, misturada com o quepe, ou lenço, calcinha e blazer. É uma coisa só.
Bom, mas, continuando: Quando saio do banheiro recebo aquele impacto gelado do ar condicionado, outra incógnita. Uma vez “eu” martelei o botão pra tentar desligar o ar e nada. Isso quando não acontece ao contrário: “eu” tento todas as alternativas possíveis pra ligar o ar e não tem jeito. No máximo ele exala um ar morno e “eu” isolada lá em Macapá no escuro tenho que atravessar os trapiches, com um monte de pererecas endemoniadas saltitando por todos os lados, pra chamar alguém do hotel porque meu telefone também não funciona.
Lá vou “eu” mudar de quarto de chinelo, penoir, bolsa e mala, aproveito e pergunto como liga a torneira. Enfim a paz. Vou tentar ligar a TV, putz, mas ela está na ante-sala e “eu” quero ver tv deitada na cama, o que fazer? Ah! Já sei, vou arrastá-la um pouquinho mais pra beira do raque. HUm, num deu. Mais um pouquinho, quase deu, só mais um milímetro e pronto “eu” consegui derrubar a televisão e arrancar todos os fios da NET. E agora, se “eu” ligar pra recepção eles vão querer saber o que que “eu” fiz. To ferrada. O jeito é tentar, veja bem tentar instalar tudo de novo. Liguei a tomada, beleza, funcionou, mas a TV, na linguagem caipira, ficou assim: “se eu via o vurto, não orvia a prosa, se orvia a prosa, não via o vurto”. O jeito foi desligar e tentar dormir. Veja bem, tentar porque assim que apaguei tudo e encostei a cabeça no travesseiro, comecei a ouvir um poc, poc, poc, poc. Tampei a cabeça e nada, virei de bruço, piorou, ai “eu” quero dormir e poc, poc, poc. Ligo na recepção: “Por favor, tem alguém martelando?” Não. Poc, poc, poc, poc. Será que este barulho é do que “eu”, quero dizer do que você está pensando? Não pode ser, porque fazia pelo menos uma hora que esse barulho era contínuo, ninguém é de ferro a esse ponto. Depois de muito analisar, “eu” descobri que era alguém correndo na esteira, pois a academia ficava bem debaixo do meu quarto. PODE?São tantas “minhas” manias, que ficaria horas contando porque quanto mais tempo “eu” tenho pra ficar no quarto, mais “eu” invento: Faço banho de creme no cabelo; pintura; máscara de pepino ou de La Roche-Posay no rosto; pulo corda; leio livro; assovio; canto; choro; durmo; assisto novela; como, como de novo; telefono, mando mensagem, recebo mensagem, mando de volta; faço depilação, ai, ai são tantas coisas. Faz o seguinte, me conta uma das suas que na próxima eu publico. Um abraçoooooo.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Revezamento 4X100

Se pudéssemos comparar a aviação com uma competição de atletismo, a Ponte Aérea seria a prova de revezamento 4X100m rasos. Depois de todo aquecimento (maquiagem), os atletas (comissários) recebem as instruções (briefing) do técnico (comandante) e vão para a pista (avião). Cada um recebe seu lugar no revezamento conforme sua velocidade. Os mais rápidos abrem ou fecham a prova. No caso dos comissários, as posições são determinadas pela antiguidade.
O preparo no “taco” de largada é muito rápido. Checa equipamentos; checa comissaria; checa livro de bordo; checa vídeo; prepara jornais; prepara balas; prepara café; esquenta o lanche; prepara bebidas; recebe o embarque. Quando o árbitro determina: “A seus postos...” no nosso caso... “Tripulação portas em automático”. Como bom atleta, você fica surdo nessa hora, concentrado e tenta encaixar os pregos da sapatilha no taco. Na aeronave, os olhos passam rapidamente em todas as travas de trolleys e na cabine para ver se todos os cintos estão atados. Quando o árbitro diz “pronto” e o comandante: “Decolagem autorizada”, o atleta levanta o quadril para melhor impulsão; o comissário senta o quadril para não ter impulsão.
Pouuuuu, tiro de largada. Vuuuuuu, turbinas aceleradas. E lá se vão os atletas a passos largos e os comissários a passos curtos, mas a velocidade é a mesma. Ritmo para todos. Muita pressa para alcançar a chegada e a torcida dizendo: “Vocês vão conseguir”, “vocês vão conseguir”. O atleta segura o bastão com entusiasmo para que não caia, o comissário atende o passageiro com dedicação para que ele volte sempre. “Aceita lanche senhora?”. “Alguma bebida senhor?”. “Café?”. E o atleta lutando contra o próprio tempo.
Entre São Paulo e Rio, por exemplo, são trinta minutos de ponte para servir e bem servir cerca de 170 passageiros. Monta trolley, serve todo mundo, recolhe tudo, desmonta trolley, guarda tudo. “Tripulação, pouso autorizado”. Lá embaixo tudo está preparado para a entrega imediata do bastão e para que a segunda etapa saia com a mesma velocidade, mesmo ritmo, mesmo trabalho, até que se vença a corrida na quarta etapa ou na quinta no caso da aviação.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Indignadaaaaa





Londres - Um ônibus espera os tripulantes na porta do avião para levá-los ao hotel. No portão de saída do aeroporto, um funcionário entra no ônibus para observar os crachás e a chefe do vôo entrega um formulário preenchido com o nome de todos. Pronto é assim que entramos no país.


Paris - Também um ônibus nos espera na porta do avião e vai direto ao hotel sem termos contato com ninguém.



Madri - Vamos à pé pelo finger e passamos direto pela polícia federal rumo às bagagens. No máximo os policiais nos dão um oizinho.



Frankfurt - Também entramos direto. Às vezes carimbam nosso passaporte.



Milão - Passamos direto pela polícia, que às vezes até nos dão um olhar indiscreto, tipo, "brasileiras humm".



USA - Como manda o protocolo, temos que mostrar o visto e colocar os dedinhos no scaner. Claro eles são diferentes e precisamos agradar ao ego americano. (EXCESSÃO À REGRA).



Mercosul - entrada livre.



BRASILLLLLLLLL - No último vôo fiquei 32 minutos na fila da polícia federal para mostrar o passaporte e o piorrrrrrr, vi uma tripulação italiana passar direto. Fiquei indignada. Se, em quase todos os outros países entramos direto. Estou me referindo a tripulantes e não a passageiros comuns, por que em nosso país temos que passar por esta burocraciaaaaa? Você chega cansada, torcendo para dar tempo de pegar o primeiro ônibus que tiver. Não vê a hora de chegar em casa, mas não. Você é obrigada a ficar em uma fila esperando todos os tripulantes que estiverem chegando no mesmo horário passar pelos fiscais de plantão. Acho engraçado porque se estamos entrando em nosso próprio país, para onde será que eles vão nos deportar caso achem alguma irregularidade???

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Conversas na sala de embarque:

Não que eu seja bisbilhoteira, mas na sala de embarque você acaba ouvindo tudo ao seu redor. Veja alguns minutos que passei esperando um vôo para Londrina.
- Com licença, eu estava ouvindo a senhora comentar que é de Água Azul do Pará? Um homem se dirigindo a uma senhorinha.
- Sou sim.
- Ah que coincidência eu morei lá em 1985. Fiz muita amizade lá.
- Ah sim, o povo lá é bão né fio.
- É sim. Senhora conhece o Osvaldão taxista?
- Conheço sim
- E como ele está?
- Ah fio, morreu.
- Morreu?
- Morreu de morte matada. Mataram ele com três tiros lá na pracinha.
- E o Juraci, que foi prefeito?
- Também morreu matado dentro do carro.
- Nossa!
- É o povo é bão fio, mas eles mexeram com quem num devia né.
- É. E o Valdecir do postinho?
- Ah esse tá bem também, mas o fio dele tá preso.
- Qual o mais velho?
- Num sei, ele tem uma renca de fio né. Eu sei que o moleque tava envorvido com coisa que num presta.
- Hum sei.
- Mas então, o senhor num tá indo pra lá? Daqui a pouco vão chamar o vôo.
- Não, não, mudei meus negócios de lá. O Pará é muito longe e minha família não se acostumou lá não.
- Ah sei, é assim mesmo o povo vai pra lá arruma dinheiro e vem embora depois que fica rico. Eu e meu veio não. Nóis é feliz lá. Vim visitar minha fia aqui em São Paulo. Nunca tinha andado de avião. Mas eu fiquei feliz, num é que o bixão desliza no céu e a gente nem sente, parece que tá parado, que nem essa mesa aqui ó. E aquelas moças bonitas entregando lanchinho pra gente né. Ai é bão demais.
Enquanto isso, dividindo o espaço, passageiros que seguia para Belo Horizonte.
-Mãe, mãe dá 50 centavos.
- Que, que ce qué menino? Já comeu trem, já bebeu trem, que trem ce qué mais?
- Eu só queria um trenzinho ali.
Tentei ler uma revista mas, alguém no orelhão conseguiu me distrair. Era uma mulher, falando bem alto.
- o Júnior, Júnior desliga isso aí, que senão quando eu voltar eu te arrebento. Você num tá vendo que sua irmã quer usar um pouco a internet. Chama a Sueli aí. Júnior eu to falando com você, ta me ouvindo? Se essa menina continuar chorando a Sueli vai me contar, ah moleque eu vou te pegar pelos cabelos.

Não gente, isso não é uma rodoviária, acreditem é um aeroporto. rs

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Descança Mercedes


Ola pessoal, perdoem minha ausencia; (estou em Paris e o teclado aqui eh todo diferente. Cade o acento circunflexo????) Pois bem, Minha avo Mercedes faleceu e fui pra Rolandia (circunflexo no a) enterrar com ela a minha historia. Tinha ali guardado, a maior parte da minha vida e tive que jogar tudo fora, sem olhar pra tras. A minha avo foi do tipo que causou enquanto viveu e agora deixou um vazio enorme. Em grande parte do tempo ela ditou as regras que regiam a familia. Esse era seu jeito de amar e de cuidar de nos (tambem nao estou achando os acentos agudos e o til); Como ela dizia: "Minhas coisas, eu gosto com pingos nos iiisss", ou seja tudo tinha quer ser correto e da maneira dela. Quando a gente se propunha a lavar a louça dela, tinha que se ver refletido no aluminio. A ultima vez que estive com ela, 15 dias antes de seu falecimento, fomos fazer pipoca doce. Eu ja tinha colocado milho na panela. A quantia que eu achava suficiente, mas quando ela olhou, disse que era pouco e despejou o saquinho dentro da panela. Resultado: estourou tanta pipoca que a tampa da panela levantou. E nao parava mais de estourar. Deu um ataque de risos na minha avo, que pensei que ela fosse engasgar. Chegou a se curvar na pia de tanto rir ao ver o exagero de pipocas que tinha feito. Ai Mercedes como voce faz falta. Foi uma escola pra mim e agora esta descançando no lugar onde sempre quis, no céu.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Aplausos aos vencedores

Hoje, faz dois anos do acidente com o vôo 3054. Aos familiares e amigos dedico minhas orações. E aos meus amigos que faleceram segue meu texto que escrevi em homenagem a eles:

Lá estavam eles esperando a vez de embarcar. "Será que vai dar"? Seria a dúvida geral. Olhavam-se uns aos outros pra ver quem seria o mais antigo na hierarquia. Ansiedade de ir, misturada com vontade de ficar mais um pouquinho com a família, mas eles estavam lá. O dever os chamava. Já no avião, outra equipe guerreira com vontade de chegar logo e cumprir a missão do dia. Sabe aquela vontade que todos temos de ouvir: "Portas em manual"... ou "Obrigada pelo vôo". Estes, já sentiam ansiedade misturada com pitadas de alegria de encontrar logo quem os esperava em casa. Todos vencedores, que dessa vez não chegaram ao lugar almejado. Mas chegaram a outro lugar especialmente preparado para eles. Amigos, neste momento de dor. Não vejo outro consolo se não buscar conforto naquele que nos criou para sermos muito mais que vencedores. Mesmo em um momento difícil como esse, temos que "trazer à memória aquilo que nos traz esperança" e minha esperança, em particular, está diante de uma das promessas de Deus registrada no 1º livro de Coríntios capítulo 2 verso 9: "Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram e nem jamais penetrou no coração do homem, o que Deus tem preparado para aqueles que o amam". Por isso, não tenho dúvidas de que nossos amigos já estão desfrutando daquilo que Deus tem preparado para todos que o amam. Ou alguém tem dúvida de que o amor de Deus sempre esteve estampado no sorriso, na dedicação, no entusiasmo, no cuidado com os passageiros, na presença amiga de cada um deles? A nossa profissão é um ato de puro amor, porque trabalhamos em servir ao outro. O altruísmo é uma questão de honra. Não temos como não considerá-los mais que vencedores. Aplausos, aplausos e mais aplausos.

me formeiiiiiiiiii


Aí gente, com a graça de Deus terminei minha pós-graduação em Jornalismo Literário. Uma turma maravilhosa com ótimos professores. Valeu a penaaaaaaaaaa.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Everest que loucuraaaaaaaaaaaa


Me falaram que seria de boa. A fila de espera estava em 45 minutos. Quando apertei o cinto de segurança eu me arrependi amargamente e pensei comigo: Por que eu paguei pra sofrer? Mas não tinha mais jeito. O carrinho começou a deslizar sobre os trilhos. Depois da primeira curva ninguém mais sabia o que encontraríamos pela frente. Um túnel. Ainda parecia fácil, quando de repente surge uma subida enorme bemmmmm íngrime. Meu Deus, como nessa hora a gente se lembra de Ti. Subiu, subu, subiu. Minha cabeça já estava colada no enconsto esperando o pior, a descida. Mas, de repente o carrinho parou, aliás não tinha mais trilho. Pronto, vai ser de ré o precipício. Aí foi. De ré e no escuro total, rodou, rodou, rodou tanto que já tinha pedido perdão pelos meus pecados. Não tinha fim, ou melhor, seria o meu fim. Ufa! o trem parou de novo. Um monstro horrível asiático apareceu para nos amedrontar, mas num fez nem cosquinha perto do que já tínhamos passado. Bilu tetéia pra ele e lá vai o trem em disparada de novo. Agora de frente e descida. Entra túnel, sai de túnel, vem curva, passa curva, deita cabelo, sobre cabelo, e o flash das câmeras pegando nossas caras fantasmagóricas. Que terror, enfim, o fim. 45 minutos de espera e cinco de sufoco. Será que minha adrenalina vai voltar? me perguntei, mas foi assim que vencemos o Everest a grande Montanha Russa do Animal Kingdom um dos parques da Disney. Local que inventei de ir ontem para comemorar meu primeiro vôo para Orlando.

sábado, 4 de julho de 2009

Probabilidades

Você sabe qual a probabilidade do passageiro receber formulários de alfândega antes do embarque? 100%.
Você sabe qual a probabilidade do mesmo passageiro guardar este formulário? 100%
Você sabe qual a probabilidade dele saber onde guardou? 10%
Você sabe qual a probabilidade do passageiro preencher esse formulário?100%
Você sabe qual a probabilidade dele preencher corretamente? 20%
Você sabe qual a probabilidade do passageiro te pedir outro formulário? 80%
Você sabe qual a probabilidade de um comissário ajudá-lo a preencher? 90%
Você sabe qual a probabilidade dele acionar a chamada de comissários dizendo que errou de novo? GRANDE
Você sabe a probabilidade de um comissário atravessar a passarela por causa dos formulários? NUM QUEIRA SABER
Você sabe qual a probabilidade de quantos passageiros perguntam o que é nom de jeune fille? BEAUCOUP
Você sabe qual a probabilidade do passageiro perguntar se pode levar paçoquinha?75%
Você sabe qual a probabilidade dele deixar a paçoca para o comissário? RARA.
Você sabe qual a probabilidade dos passageiros brasileiros que perguntam se eles também precisam preencher? 95%.
Você sabe qual a probabilidade do passageiro pedir uma caneta ao comissário? 95%
Você sabe qual a probabilidade do comissário emprestar a caneta? JÁ FOI MAIOR.
Você sabe qual a probabilidade dessa caneta voltar? 0,25%
Você sabe qual a probabilidade do passageiro estar dormindo todas vezes que você oferecer formulários e hora que o avião pousar e os formulários já terem sido guardados ele te pedir um? MUITO, MAS MUITO GRANDE.
Você sabe qual a probabilidade do passageiro distraído lhe perguntar: “Vocês não vão passar formulários?” NEM TE DIGO.
Você sabe qual a probabilidade de no seu desembarque dar de cara com o passageiro no balcão da alfândega preenchendo outro formulário? A POLÍCIA QUE O DIGA.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Toledo


Em Madri novamente. Desta vez resolvemos visitar a cidade medieval de Toledo. Combinamos de nos encontrar no saguão do hotel em meia hora. Meia hora? Isso mesmo, nem dá tempo para fazer os três esses S.S.S. Não vou falar o significado dos esses mas são iniciais de palavras em inglês, que os tripulantes costumam fazer quando chegam no quarto. O último S é Shower, os outros vocês imaginem.


Desta vez os termômetros de Madri marcavam 41 graus. Fui de mini saia e chinelo havaiana, mas quem resolveu ir de sapatinho, sandalinha, etc, sofreu para caminhar.


Tomamos um metrô até a estação Gran Via. Nesse trecho fomos assaltados sem que ninguém percebesse. Uma das meninas estava com uma mochila de couro nas costas. O cara na "cara" dura, abriu a mochila dela pegou uma bolsinha, abriu retirou o dinheiro e pois de novo, sem que ela sentisse nada. Engraçado que ele fez isso na frente de todo mundo e ninguém falou nada. Bom enfim, trocamos de metro em direçao à estação Atocha. Compramos as passagens (11 no total) pata Toledo e tivemos que aguardar duas horas até o próximo trem.


Finalmente embarcamos. O trem é tão veloz e tão silencioso, que quando começamos a sonhar nas poltronas chegamos. Aí sim, o sol rachavaaaaaaaaaaa nosso coco.


Olhamos para cima para a vista da cidadezinha de Toledo. Estava me sentindo em 1714 mais ou menos, vestida em uma armadura de ferro com o sol derretendo meu ser. Já tinham me falado pra pegar um taxi da estação até o centrinho, mas preferimos ir à pé, explorando. Quase não chegamos de tanto calorrrrr. Mas enfim, lá. A vista é maravilhosa, vale a pena mesmoooooo. PRa relaxar nada melhor do que uma jarra de sangria bem HELADA....

terça-feira, 16 de junho de 2009

Pelados no parque!!!


Pessoal, graças a Deus estamos de volta. Cheguei de Madri ontem. Um calor descomunal, beirando os 39 graus. Não tive dúvidas, fui com uma das colegas do vôo para o parque El Retiro. Nos equipamos com nossos biquinitos, protetor solar e um lençol para deitar na grama. Porém assim que chegamos nos deparamos com um lago enorme lotado de barquinhos a remo. Pronto. Não precisava mais nada. Fomos direto para a bilheteria. O passeio de 45 minutos custava 4,99 euros. Perfeito para uma tarde de descanso. O barquinho estava mais para uma canoinha na verdade, com a borda revestida de borracha, porque o lago era, literalmente, uma pista de tromba-tromba. Os camaradas que entregavam o barco na sua mão só perguntavam quem vai remar e soltavam a gente sem explicação nenhuma. Eu assumi a proa e os remos. Pela lógica comecei remar para trás e o barco foi, rsrsrs. Minha amiga se jogou no banco do barco e me disse:

- Só me falta um champagne.

- Nem me fala. A essas alturas a garrafa de água que eu tinha já estava quase em ebulição.

Remei em todos os cantos do lago e a primeira hora passou rápido. Descontentes, fomos até a bilheteria e compramos mais uma hora.

- Deixa o sol torrar.

Dessa vez larguei os remos na água e deixei o barco à deriva. Aí, sim o tempo custou passar.

Mas, o melhor da festa estava por vir.

Assim que deixamos o barquinho caminhamos até um quiosque para tomar uma coca geladinha. E lá estávamos sossegadas quando eu vi uma viatura policial com as luzes escandalosamente piscando.

- O que será que está pegando do outro lado???

- Não faço idéia, disse minha amiga.

Fomos até lá. Era uma manifestação bem pacífica. Aliás tão pacífica que causava riso nas pessoas. Imaginem uma meia dúzia de pessoas peladas, todos "nus com a mão no bolso"e alguns com a pingola balançando. Eles estavam entregando uns panfletinhos, que morri de curiosidade para saber o que era, mas ficamos de longe, só tentando registrar o momento pelo celular.

A polícia só estava ali para protegê-los. Achei aquilo tão interessante, como pode né? Eles são tão naturais. Nem vermelhos estavam. Ficamos ali olhando, meio que querendo rir ou comentar a respeito, quando de repente desce uma excursão de crianças e passam por eles como se nada estivesse acontecendo. Lógico que alguns estavam com muita vontade de rir, mas se contiveram pelo olhar da professora e passaram em silêncio.

Ai se fosse no Brasil rsrsrsrsrs.

- PELADÃO!!!!!

-FIU, FIU.


sábado, 6 de junho de 2009

Perseguição não???






Gente eu escrevi na crônica anterior que eu sou abençoada passo sempre um dia antes ou depois das crises. Pois é, no último sábado embarquei na rota Rio/Paris, a mesma da que fez o avião da Airfrance no domingo. Mas, o interessante foi que assim que saímos da costa brasileira eu entrei na cabine de comando, como procedimento de rotina e ali conversando com os pilotos olhei para o radar e tinha duas bolas (literalmente) bem vermelhas e um espaço entre elas onde deveríamos passar, eu perguntei:


- Gente o que que é isso?


- E o comandante me disse, é isso mesmo o que você está pensando. Ou seja formações climáticas que geram turbulências horríveis. ( as mais leves aparecem na cor verde, quando estão vermelhas é que o "bicho vai pegar".


Então, por precaução o comandante ligou o aviso de atar cintos, enquanto atravessávamos aquele trecho. Dali mesmo eu fiz o speech para os passageiros atentarem ao aviso de atar cintos.


Depois do acontecido, fiquei pensando com os meus botões, será que eles (vôo da Airfrance) entraram naquelas fomações vermelhas???


Mas enfim, ce la vie e nós temos que continuar. Hoje vou para NY e espero ter histórias cômicas pra contar de lá. Aqui deixo meus sinceros sentimentos às famílias das vítimas do 447.


Imagino se realmente o vôo da Airfrance entrou nessas formações na noite seguinte.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Metromover


Cheguei domingo de Miami. Iluminada por Deus eu sempre passo antes ou depois das crises, quero dizer que me livrei daquela turbulenciazinha noticiada nesta semana. Bom, mas vamos a uns detalhes interessantes de Miami. Para quem não conhece, existe lá, um tal de Metromover. Parece uma caixinha de isopor congelando picolés sobre trilhos que cruzam downtown gratuitamente. Por que será que é tão frio lá dentro???
O fato de ser gratuito o torna conhecido como "Mendigomover". É muito engraçado andar no metromover porque você olha pra sua direita e vê uma moça vestindo mini-saia com meia soquete roxa e sandália amarela. O seu cabelo de rastafari com mexas loiras (detalhe ela é negra). A blusa vermelha com muito brilho, chicletes na boca e falando o tempo todo num celular pink. Na minha frente tinha um moço bem alto também negro com a bermuda quase nas coxas, a cueca preta mais do que aparecendo, uma camiseta do tamanho extralarge com a estampa do M. Jordan. Um boné virado com a aba lateral, ele meio que falava sozinho ou comia moscas, num sei. Pensei comigo, porque deixar a calça cair tanto? Ao meu lado esquerdo tinha uma senhorinha, classificadas no grupo dos Xicanos que vivem nos Estados Unidos. Ela tinha dente de ouro, muitos colares no pescoço. Ria muito enquanto conversava com uma amiga. Mais ao fundo, um grupo de adolescentes escutando um som altíssimo, apesar de estarem com fone de ouvido. Um tirava sarro do outro, mas não conseguia entender bulufas. O visu era o mais eclético possível. Tipo cabelo tingido de verde, muitosssssss piercings (na testa, no nariz, na boca, na língua). A menina do grupo estava de chinelo e usava um anel no dedo médio do pé e uma pequena tatuagem na canela. Agora, a figura mais extravagante que eu vi foi um homem dente sim, dente não. Segurava um abacate na mão e conversava com ele (com o abacate) mas o papo era profundo, como se o abacate respondesse. E o homem chorava e se lamentava e eu imaginava o abacate respondendo "é, é senhor eu te entendo"... Gente o primeiro mundo está carente e cada vez mais com pessoas esquisofrências, será que estamos indo para o mesmo caminho????? SOCORRO ele quis me dar o abacate, onde vou enfiar na minha mala?? Bom enfim cheguei no meu ponto vou descer e até a próxima.

Mas o que mais acho interessante disso tudo é que ninguém está nem aí pra ninguém. Reapar?? É coisa de outras culturas.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Que profissão é essa. (31 de maio dia do comissário)


O mágico fez do copo plástico, um chocalho para distrair a criança;
O mecânico destravou a poltrona em modo manual para o passageiro conseguir descansar;
O psicólogo escutou a história de um pai que tinha perdido o filho e estava voltando para casa;
O garçom serviu drinks à noite toda para dois amigos que se divertiam a bordo;
O engenheiro fez funcionar os vídeos inoperantes para satisfazer o cliente;
O encanador desentupiu a pia do toalete para não precisar inutilizá-lo;
A mãe fez o bebê dormir embalado nos braços;
O amigo consolou o colega de trabalho sobre uma possível separação;
A modelo se maquiou várias vezes para aparecer bem na passarela;
O líder coordenou a equipe como um maestro regendo uma orquestra;
O anfitrião recebeu os convidados alegremente;
A socorrista sanou uma queda de pressão sofrida pelo passageiro;
A dama de companhia fez um chazinho para acalmar a vovó que estava voando pela primeira vez;
O técnico em segurança preparou o vôo o mais seguro possível;
O maître compôs os pratos encantadoramente;
O guia turístico orientou um grupo sobre os melhores passeios;
O tutor entrou na cabine de comando de meia em meia hora para que nada ali faltasse;
O pai abraçou seu filhão quando voltou para casa após um vôo de seis dias;
Enfim, o comissário descansou com a sensação de missão cumprida.
Parabéns a você que simboliza tudo isso e muito mais. Sinta-se honrado em desempenhar todas essas funções através da sua profissão. VALENTE!!!

Diário da Mala


Quarta-feira, 28 de Janeiro. Querido diário, hoje eu acordei ao lado da cama. Confesso que estou me sentindo meio vazia por dentro, sem aqueles pacotes enormes que minha dona costuma deixar dentro de mim. Pudera, ela está de folga há dois dias e enquanto isso, eu fico aqui largada, desprezada. Sabe. Eu sei que sou um peso na vida dela. Mais do que isso. Sou um verdadeiro grude. Aonde ela vai, eu vou atrás. Mas, no fundo, ela sabe que não pode ficar sem mim. Eu faço parte da vida dela e muitas vezes, quebro cada galho...
Não é por nada, mas minha dona tem uma quedinha para o consumo e por onde ela passa, sempre compra alguma coisinha. Em Paris, perfumes. BH, queijos e doces; em MIA, eletrodomésticos, Victória´s Secret, tênis da Nike... Em Foz, então, quanta muambagem do Paraguai. E eu, por outro lado, só vou engordando. Minhas rodinhas estão capengando; o meu tecido está desconfigurado. Mas, eu continuo agüentando firme. Eu não me importo. A culpa de eu estar assim não é só da minha dona. Tantas pessoas põem a mão em mim. É um tal de vai pro porão, sai do porão, sobe na Van, desce da Van, o pior é que sobra sempre pra mim... “Nossa, que mala pesada”, reclamam. Sem contar que me exponho demais. Todos os dias passo dentro daquelas máquinas de raio-x. Você pensa que é bom ficar desfilando para aqueles funcionários da Infraero? Eles prestam atenção em cada detalhe meu. Sabem tudo o que tenho por dentro. E às vezes carrego cada coisa que você nem pode imaginar. Shampoo, condicionador, creme depilatório, kit unha, kit cabelo, kit maquiagem, kit perfume, kit chás, kit costura, kit ginástica, kit piscina, kit praia, kit bordado, kit livros, kit revistas, kit médico, kit comida (e que kit) e tantos outros kits que me deixam louca. Outro dia ela estava carregando um kit reza. Eu falei, “ai, é o que me falta”. Ainda bem que eu tenho um amigo, o porta-casaco. Mas sabe, às vezes, ele é “amigo da onça”, ao invés de dividir o peso comigo, ele vem sobre mim, mais pesado do que um elefante e além do meu peso, eu tenho que carregá-lo nas costas. Amigo como esse, eu não recomendo. Bem meu querido diário, por hoje é só, vou continuar quietinha aqui no meu canto, porque com certeza amanhã vou ter que acordar muito cedo.

OLá Pessoal

Sou aeromoça e há tempos escrevo crônicas do que acontece no dia-a-dia da aviação. Te convido a vir comigo e patilhar algumas histórias entre o céu e a terra.