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quarta-feira, 27 de maio de 2009

Metromover


Cheguei domingo de Miami. Iluminada por Deus eu sempre passo antes ou depois das crises, quero dizer que me livrei daquela turbulenciazinha noticiada nesta semana. Bom, mas vamos a uns detalhes interessantes de Miami. Para quem não conhece, existe lá, um tal de Metromover. Parece uma caixinha de isopor congelando picolés sobre trilhos que cruzam downtown gratuitamente. Por que será que é tão frio lá dentro???
O fato de ser gratuito o torna conhecido como "Mendigomover". É muito engraçado andar no metromover porque você olha pra sua direita e vê uma moça vestindo mini-saia com meia soquete roxa e sandália amarela. O seu cabelo de rastafari com mexas loiras (detalhe ela é negra). A blusa vermelha com muito brilho, chicletes na boca e falando o tempo todo num celular pink. Na minha frente tinha um moço bem alto também negro com a bermuda quase nas coxas, a cueca preta mais do que aparecendo, uma camiseta do tamanho extralarge com a estampa do M. Jordan. Um boné virado com a aba lateral, ele meio que falava sozinho ou comia moscas, num sei. Pensei comigo, porque deixar a calça cair tanto? Ao meu lado esquerdo tinha uma senhorinha, classificadas no grupo dos Xicanos que vivem nos Estados Unidos. Ela tinha dente de ouro, muitos colares no pescoço. Ria muito enquanto conversava com uma amiga. Mais ao fundo, um grupo de adolescentes escutando um som altíssimo, apesar de estarem com fone de ouvido. Um tirava sarro do outro, mas não conseguia entender bulufas. O visu era o mais eclético possível. Tipo cabelo tingido de verde, muitosssssss piercings (na testa, no nariz, na boca, na língua). A menina do grupo estava de chinelo e usava um anel no dedo médio do pé e uma pequena tatuagem na canela. Agora, a figura mais extravagante que eu vi foi um homem dente sim, dente não. Segurava um abacate na mão e conversava com ele (com o abacate) mas o papo era profundo, como se o abacate respondesse. E o homem chorava e se lamentava e eu imaginava o abacate respondendo "é, é senhor eu te entendo"... Gente o primeiro mundo está carente e cada vez mais com pessoas esquisofrências, será que estamos indo para o mesmo caminho????? SOCORRO ele quis me dar o abacate, onde vou enfiar na minha mala?? Bom enfim cheguei no meu ponto vou descer e até a próxima.

Mas o que mais acho interessante disso tudo é que ninguém está nem aí pra ninguém. Reapar?? É coisa de outras culturas.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Que profissão é essa. (31 de maio dia do comissário)


O mágico fez do copo plástico, um chocalho para distrair a criança;
O mecânico destravou a poltrona em modo manual para o passageiro conseguir descansar;
O psicólogo escutou a história de um pai que tinha perdido o filho e estava voltando para casa;
O garçom serviu drinks à noite toda para dois amigos que se divertiam a bordo;
O engenheiro fez funcionar os vídeos inoperantes para satisfazer o cliente;
O encanador desentupiu a pia do toalete para não precisar inutilizá-lo;
A mãe fez o bebê dormir embalado nos braços;
O amigo consolou o colega de trabalho sobre uma possível separação;
A modelo se maquiou várias vezes para aparecer bem na passarela;
O líder coordenou a equipe como um maestro regendo uma orquestra;
O anfitrião recebeu os convidados alegremente;
A socorrista sanou uma queda de pressão sofrida pelo passageiro;
A dama de companhia fez um chazinho para acalmar a vovó que estava voando pela primeira vez;
O técnico em segurança preparou o vôo o mais seguro possível;
O maître compôs os pratos encantadoramente;
O guia turístico orientou um grupo sobre os melhores passeios;
O tutor entrou na cabine de comando de meia em meia hora para que nada ali faltasse;
O pai abraçou seu filhão quando voltou para casa após um vôo de seis dias;
Enfim, o comissário descansou com a sensação de missão cumprida.
Parabéns a você que simboliza tudo isso e muito mais. Sinta-se honrado em desempenhar todas essas funções através da sua profissão. VALENTE!!!

Diário da Mala


Quarta-feira, 28 de Janeiro. Querido diário, hoje eu acordei ao lado da cama. Confesso que estou me sentindo meio vazia por dentro, sem aqueles pacotes enormes que minha dona costuma deixar dentro de mim. Pudera, ela está de folga há dois dias e enquanto isso, eu fico aqui largada, desprezada. Sabe. Eu sei que sou um peso na vida dela. Mais do que isso. Sou um verdadeiro grude. Aonde ela vai, eu vou atrás. Mas, no fundo, ela sabe que não pode ficar sem mim. Eu faço parte da vida dela e muitas vezes, quebro cada galho...
Não é por nada, mas minha dona tem uma quedinha para o consumo e por onde ela passa, sempre compra alguma coisinha. Em Paris, perfumes. BH, queijos e doces; em MIA, eletrodomésticos, Victória´s Secret, tênis da Nike... Em Foz, então, quanta muambagem do Paraguai. E eu, por outro lado, só vou engordando. Minhas rodinhas estão capengando; o meu tecido está desconfigurado. Mas, eu continuo agüentando firme. Eu não me importo. A culpa de eu estar assim não é só da minha dona. Tantas pessoas põem a mão em mim. É um tal de vai pro porão, sai do porão, sobe na Van, desce da Van, o pior é que sobra sempre pra mim... “Nossa, que mala pesada”, reclamam. Sem contar que me exponho demais. Todos os dias passo dentro daquelas máquinas de raio-x. Você pensa que é bom ficar desfilando para aqueles funcionários da Infraero? Eles prestam atenção em cada detalhe meu. Sabem tudo o que tenho por dentro. E às vezes carrego cada coisa que você nem pode imaginar. Shampoo, condicionador, creme depilatório, kit unha, kit cabelo, kit maquiagem, kit perfume, kit chás, kit costura, kit ginástica, kit piscina, kit praia, kit bordado, kit livros, kit revistas, kit médico, kit comida (e que kit) e tantos outros kits que me deixam louca. Outro dia ela estava carregando um kit reza. Eu falei, “ai, é o que me falta”. Ainda bem que eu tenho um amigo, o porta-casaco. Mas sabe, às vezes, ele é “amigo da onça”, ao invés de dividir o peso comigo, ele vem sobre mim, mais pesado do que um elefante e além do meu peso, eu tenho que carregá-lo nas costas. Amigo como esse, eu não recomendo. Bem meu querido diário, por hoje é só, vou continuar quietinha aqui no meu canto, porque com certeza amanhã vou ter que acordar muito cedo.

OLá Pessoal

Sou aeromoça e há tempos escrevo crônicas do que acontece no dia-a-dia da aviação. Te convido a vir comigo e patilhar algumas histórias entre o céu e a terra.