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segunda-feira, 30 de julho de 2012

Quem fica de fora

Os que ficam de foram nunca  perdem a esperança
Quem fica de fora é porque não chegou lá. Não alcançou o índice. Não venceu a meta. Não comprou com antecedência. Não venceu. Perdeu a hora. Errou o caminho. Parou no trânsito. Esqueceu a data. Errou as questões.
Mas, o que aconteceu? Por que eu fiquei de fora? Inconformismo é a sensação que nos abate. Eu treinei tanto, eu me programei, eu saí mais cedo, eu estudei pra caramba, eu acionei o despertador, quanta dúvida e quanta culpa.
Na ansia de não ficar de fora eu me antecipei e tentei ir ao Centro Olímpico dois meses antes da data das competições. Acordei cedo em Londres, cheguei na estação, ao invés de eu pagar com libras olhei no bolso e só tinha euros.
- Desculpa Senhor, eu já volto, disse ao vendedor de passagens. Corri para o hotel, mas não quis saber que já era um sinal para não ir. Fui assim mesmo, eu não podia ficar de fora.
Cheguei lá e me deparei com uma realidade, ainda não conhecida por mim entre os londrinos. Eles fazem exatamente o que estão designados a fazer. Nenhuma informação a mais ou a menos. Não dão jeitinho de quebrar o galho, de ir além, de tentar com alguém que possa te ajudar. Afinal, eu vim de outro país e precisava resolver um problema.
Nem o senso de humor
Viva a alegria de estar ali
 Bom, eu expliquei a situação que tinha vindo para uma cobertura jornalística, que já tinha credencial para as paralimpíadas e gostaria de saber o processo para as olimpíadas, que eu também já tinha conseguido inscrição via email. Sem brincadeira esperei um tempão,e eles não chegaram à conclusão de onde e com quem eu deveria falar. Ah, sem contar que levei duas horas perdida no shopping em frente ao estádio buscando informações, onde era o centro da mídia.Eu perguntava nos balcões de informações, eu perguntava para policiais de plantão, cada um me mandava num lugar. Até na administração geral do Shopping eu fui parar. Resultado?? Encontrei brasileiros da Rede Record e eles me explicaram onde era.
Nada resolvido fui embora. Na semana seguinte eu voltei lá, porque sou brasileira e não desisto nunca. Desta vez eu levei meu número de inscrição, o nome da pessoa com quem tinha contato e tal. 

Os mesmos caras me atenderam, se lembaram de mim, mas me 
deixaram duas horas esperando alguém para NADA. Socorrooooo!Eles não foram capazes de me levar para a tal Ana Morales, que era o meu contato. Gente era só ligar para algum supervisor e perguntar, onde está Ana MORALES??? Não estava programado para eles fazerem isso.
Chegou o dia da abertura. Brasileiros vamos lá na porta tentar. Estamos acostumados com jeitinho de entrar, com cambista, com venda superfaturada, qualquer coisa que pudéssemos entrar, afinal estávamos lá. Depois de 1h30 de metro chegamos na muvuca. Desta vez, fiquei com dó de quem ficou de fora. Não tinha um telão para o povo acompanhar, era preso quem vendesse ou comprasse tickets clandestinos e um cerco policial não deixava o povo nem sair, praticamente da estação.
- Ah gente eu só queria tirar foto do estádio, disse uma
Bem vindo aos que não conseguiram entrar

 das comissárias que estava comigo.
E a galera “de fora” estava lá, firme e forte. Uns fantasiados de homem aranha, outros brasileiros de perucão fazendo palhaçada, mas tal era a fé do povo que iriam ao menos se aproximar do estádio. Que isso, mandavam a gente ir para o Hide park, onde teria telões. A tripulação seguiu ora lá e qual foi a decepção. Custava 65 libras para ver nos telões. Gente que loucura. Eu, pensei vou dar a última cartada e entrar com a credencial da paralimpíada, quem sabe. Aí comecei a passar pelo cerco, fui me aproximando, e mostrando o crachá. Passei por várias fiscalizações e fui agradecendo a Deus. Não acreditava queestava entrando. Aí passei no raio x, tudo bem. Corri porque estava em cima da hora e quando eu cheguei na entrada do estádio, uma curica pegou minha credencial e disse:
- Não, esse é válido só para as paralimpíadas, você tem que sair.
- Mas moça, eu acabei de chegar do Brasil vim correndo, não encontrei a sala de credenciamento, me permitiram chegar até aqui.
- Não, chamou o chefe de segurança e ele me acompanhou até a salinha, a mesma de dois meses atrás, que ninguém resolve nada. O cara pediu pra eles me darem a credencial certa de entrada, mas a mulher que me atendeu, entrou lá e demorou 40 minutos para me levar a um telefone com uma portuguesa. Que me explicou:
- Senhora, esta credencial que tens és para as paralimpíadas, portanto hoje não podes entrar.
Não adiantou eu rezar a missa. Não tem jeitinho brasileiro.
Enfim quem tá dentro tá dentro e quem não tá? rsrsrsrs.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Pneu furado

Domingo a noite, por volta das 21 horas, estava eu sentada no D.O de Guarulhos. D.O para quem não sabe é a sala onde os tripulantes se reúnem antes de cada  voo ou, onde cumprem plantão, que carinhosamente chamamos de reserva, ou conserva, como preferirem. Então, lá estava eu esperando as horas passarem até meia noite e cinquenta, quando soa o alto falante chamando comandante tal, co-piloto tal e comissários: Ane Tonon "eu ?" a primeira?, fulano, ciclano e beltrano -  ai aia aia ai já tremi nas bases - favor comparecer ao balcão da escala. Nessa hora você não sabe o que te espera. Se vai para o sul, ou se vai paro o norte. Se vai demorar dois ou cinco dias pra voltar. Bom, tem que. Uma tripulação inteira acionada. 
- "Vocês devem seguir de extra pra porto alegre e trazer o avião que está lá em manutenção", explicou o Despachante. "Ah e volta hoje ainda com pouso as 2h16 da manhã".
Fomos nós, sentadinhos, porque nessa hora os cartões de embarque chegam na sua mão antes de você sair da sala.
Quando chegamos lá, fomos direto pro avião, que tinha furado o pneu quando pousou. Já era, 23h30 sendo que este avião tinha que ter decolado as 19h30. Agora pensa no humor dos passageiros.
Gente eu ali na porta ouvi tanto desaforo. Quando eu estava quase fechando a porta, veio um:
- Eu quero descer, eu  e minha esposa. AGORA.
- Mas, senhor eu estou com a mão na porta pra fechar, assim que o senhor parar de falar com o despachante.
- Não quero saber ele me disse que teria mais 10 minutos de atraso e se passaram 15. 
Aí o despachante tentou explicar que teria que desembarcar um contêiner inteiro pra procurar a mala dele e iria atrasar mais uma hora. E eu disse.
- Se o senhor quiser mesmo vou avisar ao comandante. Aí ele arriou.
Eu acho engraçado. As pessoas pensam que trocar pneu de avião é igual de carro. Vai lá, sobe no macaco, desenrosca as porcas, tira o pneu e pronto. Gente, o alinhamento e balanceamento de um pneu de avião tem que ser perfeito. Os parafusos regulados na maior perfeição. É o pneu que sustenta o bichão quando ele pousa.
Mas, como É DIFÍCIL DE ENTENDEREM ISSO. Acredita que o mesmo que queria sair, não quis comer o lanche alegando que passou a validade porque virou a meia noiteeeeeeeeeee.
Na saída do voo, saíram excomungando. Um deles, chegou bem na minha cara com cinismo e disse.
- OBRIGADO TAM.
Eu fiquei pensando, nossa acho que a empresas desses cidadãos é perfeita, num fura pneu, num atrasa nada pra clientes, num chove, num acontece nada imprevisível.
Mas como sempre digo: Tudo é passageiro.