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quarta-feira, 21 de abril de 2010

Loucuras para chegar no horário 2

Achei que a loucura da história anterior fosse tomar o pódio da liderança, mas me enganei. Tem muito “louco”, no bom sentido, em nosso meio. Acreditem vocês, que há uns dez anos atrás, o comissário Nando Moraes reinou neste quesito de fazer loucuras para chegar no horário. Ele morava em Mogi das Cruzes e iria se apresentar pela primeira vez em Guarulhos. Era horário do rush da manhã na marginal Tietê.
Vindo de Mogi, Nando teria que ir até o metrô Tatuapé para tomar outra condução para o aeroporto. Ao ver o trânsito todo parado na marginal foi tomado pelo desespero e começou a suar frio com aquele pensamento que todos temos: “Ai meu Deus, o que que eu faço? Não vai dar tempo. Caramba tá tudo parado...”. O tempo que nessa hora não nos ajuda, passa muito rápido. Comissário novinho na época, Nando não sabia mais o que fazer e já estava ensaiando todas as desculpas possíveis para falar para a chefia. Até que de repente, ao passar pelo km 22 mais ou menos, ele teve uma luz. Olhou para seu lado esquerdo e viu o arco da Sabesp. Não teve dúvidas:
- Motorista pára o ônibus. Pára por favor.
- Mas, eu não posso abrir a porta aqui.
- O senhor não está entendendo, eu preciso sair agora.
- No meio dos carros???
- Sim, pode abrir por favor.
Com a insistência, o motorista abriu a porta, Nando saiu correndo com mala, porta casaco e quepe na mão, porque naquela época se usava. E lá foi ele, pulou a mureta da marginal e subiu no arco, ou melhor, atravessou o Tietê velho de guerra pelo arco da Sabesp. (Fico imaginando quem estava assistindo esta cena. Um homem de terno e gravata, mala e quepe equilibrando-se naquela escadinha).
“Assim que cheguei do outro lado, entrei no estacionamento do Extra e tinha um único taxi com o porta-malas aberto acolhendo uma senhora”, lembrou Nando.
- Não a senhora não pode ir nesse taxi, interrompeu o comissário.
- Como assim?
- Por favor, eu estou atrasado, tenho que ir para o aeroporto, a senhora precisa quebrar meu galho.
A mulher concordou e o taxista levou Nando até GRU. Ele conseguiu chegar.
- Entrei na sala de briefing suando como nunca, mas disfarcei bem, ajeitei a gravata e ninguém percebeu nada. Talvez seja por isso que hoje colocaram um portão ali para ninguém repetir a dose, concluiu.

Um comentário:

  1. Nossa desde criança que eu sonho em atravessar aquele arco da sabesp... e ele na loucura conseguiu!

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