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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Porque hoje esse texto sou eu!


"Talvez a verdadeira intimidade eu só tenha buscado com as palavras e tenha me entupido delas no momento que estou aprendendo alguma coisa.
Estou fazendo um muro de palavras entre mim e as pessoas, talvez auto explicativa só para confundir.

Talvez eu tenha nascido para uma vida desapaixonada, talvez eu nunca tenha olhado verdadeiramente para dentro de mim para procurar as respostas, que as perguntas muitas vezes me sufocaram. E isso me entupiu de incertezas, medo, angústia, e a merda de uma tal de insegurança.

Uso palavras para diminuir a dor, a decepção, tudo isso para plagear todos esses sentimentos. Para fingir que estou leve e que está tudo bem.
Uso palavras para falar de uma tempestade que me permiti ficar encharcada dela, que virou uma metáfora de um relacionamento, oque pode ser tristemente poético.

Acho que estou cansada. Falei e fiz demais as coisas e no entanto...

Observo e descrevo tudo oque acontece cheia de filtros e dentro da minha limitação eu interpretei o universo para que eu coubesse nele e em mim.
Eu arranjei um sentimento para cada coisa,e pensei que assim tudo estaria em ordem, sob controle, mas me enganei... Eu que me julgava não julgadora, me considerava " livre" hoje eu empurro as grades dessa prisão que eu mesmo me tranquei, que eu mesmo criei pra mim. E sem culpar ninguém, usando um discurso de alguém que não queria magoar o outro para descobrir que no fundo eu só me importei comigo mesma e com meus medos.
 E deixei que o outro experimentasse oque é de pior em mim. Nao permiti a escolha e mantive o muro de palavras e meu discurso pronto pra continuar a salvo do outro lado.

Talvez eu seja uma farsa, talvez eu seja mesmo virtualmente inacessível. Alguém que se entope de adjetivos para entender as coisas, e dizer que nao se preocupa em entender nada. E eu sempre que falei de amor nao amei o outro em toda a dimensão que a pessoa é. 
Falei demais, e continuo no escuro, e minha recusa em tocar nas coisas me impede de sair tateando em direção à luz.. E mais uma vez uso palavras para tentar me defender de algo, de mim. ( talvez eu precise parar de ler Clarice Lispector.)

Talvez eu devesse escrever uma carta em branco para dizer que preciso me silenciar, que se o silêncio ainda estiver esperando por mim, eu aceito. Preciso esquecer as palavras, preciso me despedir delas, para começar a experimentar a vida com sinceridade. Talvez eu silenciando consiga ser mais honesta. E eu escrevi tanto para dizer que preciso silenciar". 

Autora: Carolina de Souza

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