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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Loucuras para chegar em tempo


Aposto que todo mundo já fez alguma loucura para conseguir chegar em tempo de não levar um N/C. Recebi algumas histórias que valem a pena ser relatadas. Aqui vai a da comissária Carla Lessa, que não trabalha mais conosco, mas deixou sua história registrada. Se você tiver alguma loucura dessas mande pra gente.
Sexta-feira, último dia de aula antes do recesso escolar...
Toca o telefone:
- “Comissária Carla Lessa, por favor,”.
- “Pois não, sou eu”.
- “Carla você foi acionada para fazer um cabide JOI, apresentação 20h05 em CGH e amanhã cedo você volta”.
“Beleza... hoje é quinta, não tem muito trânsito, pego o ônibus das 18h30 em GRU e chego lá 19h30”, pensou. (Isso porque Carla fazia o trajeto contrário do ônibus GRU/CGH, por morar próximo a Guarulhos).
Assim que chegou ao aeroporto de GRU, estacionou o carro, foi até o D.O para pegar uma escala e foi para o ponto de ônibus esperar o das 18h30.
O horário avançou para 18h40 e nada do ônibus aparecer.
- "Moço... o ônibus está atrasado?”, perguntou para alguém.
- “Ah! hoje é sexta-feira véspera de férias, não tem nem hora para chegar".
- “Legal!!! A escala de vôo considerando que eu já estou lá em CGH e eu estou aqui em GRU ainda... ai me Deus! Se eu não chegar a tempo vão descobrir que eu me apresentei no aeroporto errado, vão considerar que agi de má fé. Vou levar uma advertência, seremos todos proibidos de nos apresentarmos em outro aeroporto, vou ter que me explicar p/ Sônia (Gerente de tripulação de cabine da época) e ela não vai nem querer me ouvir... como explicar que eu errei o dia da semana? IMPOSSÌVEL!!!”, Lamentou Carla.
Enquanto ela pensava numa solução, chegou uma amiga e desesperadamente ela perguntou:
_ “Oi Fiona! Vai para onde?
- “To fazendo curso de piloto, em CGH. Tenho aula agora, mas vou me atrasar por causa desse ônibus".
PLIM!!! Uma luz brilhou para Carla!!!!!
- “Vamos comigo. Meu carro está no estacionamento, fico em CGH, você volta com ele, deixa a chave na loja da TAM com as meninas e eu pego com elas amanhã", sugeriu.
- "Vamos pela Radial e pela Salim que é melhor, tem menos carro", disse a amiga de Carla, que conhecia melhor São Paulo.
Lá foram elas... Trânsito andando, as duas batendo papo, lembrando que há poucos dias tinha passado no Fantástico a história de uma comissária que veio de Santos na garupa de uma moto por causa do trânsito do ano-novo, e a amiga ia ao mesmo tempo explicando o caminho alternativo para Carla.
- “Pronto, chegamos na 23 de maio, vai dar tempo.... não! Não vai.... a 23 está parada, já são 19h:30, não vou chegar”, pensava Carla..
Quando já era quase 20h00 estavam ainda em frente ao Hospital da Face. Só por um milagre elas chegariam, mas não dava mais tempo de esperar um milagre.
-"Fiona, vou parar uma moto e vou pedir para ele me levar", disse.
-"Você está louca, não dá. É perigoso", retrucou Fiona.
_ “Não tem outro jeito".
Carla entrou com o carro no meio das pistas e bloqueou a passagem das motos. Ouviu alguns palavrões, mas colocou a cabeça para fora e começou a pedir para alguém levá-la.
O primeiro que parou Carla nem o deixou pensar.
- “Moço me leva até o aeroporto", implorou.
Ele nem respondeu ela já subiu na moto com o porta-casaco e a bolsa. Gritou para a amiga deixar a mala com o pessoal do check-in que eles a entregariam. Carla colocou a mochila do motoqueiro nas costas, sentou-se entre ele e a caixa de entrega e foi ouvindo o barulho de torcida de quem estava nos carros e acompanhava a cena.
- “Aeeee conseguiu..." ou " vai rasgar a saia...", gritavam. (Naquele tempo só se usava saia).
-"Moça! Você é louca, nem me conhece... e seu não te levasse até lá?", perguntou o motoqueiro.
Enfim, 20h00 ela conseguiu chegar.
“Olhei no relógio e vi a temperatura: 15 graus... imagine! não estava nem sentindo.... Prendi o cabelo na redinha e entrei correndo pelo portão de pax... naquela época podia. Cheguei esbaforindo no DO, apresentei-me para a tripulação, com as bochechas queimavam. Contei só para as auxiliares o que tinha acontecido. Além de tudo, descobri que levaríamos uma checadora de extra conosco, portanto tive que engolir toda a adrenalina de uma vez, fazer cara de aeromoça e esperar o avião... que estava atrasado. Passados uns minutos, minha mala foi entregue pelos despachantes. Fui voar como se nada tivesse acontecido”, relembrou.

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