Translate

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Voo do babado



Eu achava que já tinha visto quase tudo nesta vida, mas vi que ainda falta muita coisa pra se ver.  Ontem,  volta do voo da crônica anterior. Passageira com três crianças simplesmente apagou. A filha mais velha, uma menina de uns 12 anos, nos disse que ela tem depressão e que toma um monte de remédio. 
- Este, da mão direita dela - é para ela dormir e este, da mão esquerda,  é pra ela acordar, disse a garota, informando ainda, que dali quatro horas daria o remédio para a mãe acordar.
COMO PODE??? Uma mãe deixar três crianças ao leo e apagar no voo. Engraçado que na hora de comer ela acordou e depois apagou de novo, nada acordava a mulher cutucão, chacoalho, nadaaaa.(só a comida, é claro) .
Uma outra passageira com duas crianças:  uma no berço e a outra num cafofo bem gostoso no chão. Comissários foram lá e ela disse que nem o capeta iria fazer ela tirar a criança. Lá fui eu. O capeta?? Não. Falei em alto e bom tom, que ela estava colocando a vida da menina em risco e tal, que numa turbulência, a menina iria voar longe e em caso de despressurização eles não teriam tempo de consciência para pegar a menina. A mulher boquejou, boquejou. Deu cinco minutos o avião começa a balançar e ela pegou a menina rapidinho, mas com várias tentativas durante o voo de repetir a façanha. 
Uma terceira também com duas crianças chega no avião doidaaa.
- Minha filha vai convulsionar porque passou a hora do remédio e não acham minha mala, corria no corredor igual louca. A filha dela tinha paralisia cerebral, mas estava quase falando "mamãe fica calma". Pelo desespero dela na porta do avião, lógico que o comandante me mandou lá dizer que se a menina estivesse mal, ele não iria levá-la. Mas num é que ela melhorou rapidinho. Nesse intervalo, ali na entrada da classe executiva  um passageiro abre a porta do toalete e me cutuca. Acreditem se quiser, tinha um par de sapatos lá dentro. Como que alguém vai ao banheiro e esquece o sapato?  Saio eu pelos corredores perguntando quem tinha deixado o sapato. Ninguém se manifestou eu deixei os sapatos na galley. Enquanto isso, eu estava resolvendo outro problema com uma mãe que queria trazer a filha pra business -UP mesmo na cara dura, porque ela tinha síndrome do pânico. Além de um passageiro que queria saber onde o sol nascia pra ele rezar. O vice- primeiro ministro britânico embarcando com  comitiva de 10 assessores e o fogo comendo no voo.
Não teve jeito a mulher do apagão continuou dormindo. As crianças chorando, uma com dor no peito, outra com dor de garganta. O sapato, que eu tinha deixado na galley sumiu, pensei que a dona tinha aparecido. O sol não nasceu em tempo do homem rezar, mas chego lá trás ele estava na rabeira do avião, ajoelhado, rezando. A menina do  chão não descansou de tanto que a mãe colocava no chão, tirava do chão, colocava no chão, tirava no chão. Enfim, toque de preparar para o pouso eu vejo os comissários da executiva pra lá e pra cá. Até que uma das meninas veio me avisar: 
- Ane, a mulher tá lá na galley querendo o sapato dela.
- Até que enfim, pensei.
- Mas, o pior, jogaram o sapato no lixo e agora estão revirando as lixeiras pra achar.
Jesus me chicoteiaaa.

2 comentários:

  1. Que voo heim Ane!! No meu, ontem, o casal com 1 filho de 4 anos comprou 2 assentos na Bc e 1 na Yc. Após muito e muito e muito tentar e discutir pra ficarem todos na Bc, o homem foi pra Yc. Eis que, durante o voo, ele troca; põe a criança DE 4 ANOS sozinha na Yc e fica com a mulher na Bc!!! Claro que a trip teve que explicar bem claramente as consequências do abandono... Aff! Que pai...

    ResponderExcluir